Uma das mais vibrantes e enriquecedoras palestras de Divaldo Franco, foi quando enalteceu com profunda gratidão, a vida e a obra do médium Francisco Cândido Xavier, por ocasião da sua desencarnação, entretecendo, como num painel de luzes, belíssimos episódios de sua vida e os seus encontros abençoados, com o Apóstolo de Uberaba.
Destacou, seus momentos de fraternidade, evocando, concomitantemente, o capítulo “O Homem de Bem”, estampado no Livro “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec.
Em muitos desses momentos, nos quais Divaldo esteve em companhia de Chico Xavier, aspirou o perfume bom da caridade, que sempre emana do apostolado do amor genuíno, sorvendo na taça cristalina dos seus bons exemplos, a fortaleza, a coragem, o apoio e a luz, que iriam conduzi-lo e impulsiona-lo, no mesmo ideal do Bem.
Vamos retornar ao ano de 1955, quando Divaldo, ainda bem jovem, convidado por Chico e hospedando-se em seu lar, vivenciou um dos grandes momentos de abnegação, na cidade de Pedro Leopoldo, interior do Estado de Minas Gerais, onde, naquela época, o médium exercia o mediunato com Jesus.
Chico, olhando para Divaldo, comunicou-lhe : – “Meu filho, hoje vamos visitar uma família muito pobre que reside na Lapinha. Estamos com alguns amigos de São Paulo que nos visitam, o Dr. Francisco P. de Andrade, sua esposa D. Lúcia e cunhada, e eu gostaria de leva-los para conhecer, Conceição e Lia, avó e neta, que estão em grande penúria, necessitando, assim, de nossa ternura e de nossos cuidados especiais.”
Passou, então, a narrar a Divaldo, a maneira como conheceu as interessantes personagens desta história viva e edificante, plena de dor e luz, envolvendo estes seres em evolução.
“Certa noite, apareceu-me um espírito em trajes de dama da corte, do século XVII , com muito requinte, dizendo-me ter sido amiga de minha mãe, e que se chamava Conceição.”
Chico lembrou-se que sua genitora comentava : – “ Quando o sofrimento bate-me à porta, eu me recordo das dores de Dona Conceição e resigno-me.”
E contou a Divaldo, que Conceição havia-lhe aparecido na noite passada, em Espírito, solicitando-lhe alimentos, pois estava morrendo de fome e se preocupava, porque suas tarefas na Terra, ainda não estavam concluídas.
E o médium, continua a sua narração, explicando que Conceição, era filha de ricos proprietários de terras, e que fora pedida em casamento por um homem igualmente muito próspero.
Na noite de núpcias, a jovem Conceição, com apenas quinze anos de idade, pôde conhecer a índole perversa do esposo, que a violentou, queimando as suas partes pudentes com uma tocha de fogo.
Mesmo assim, ela concebeu, dando à luz uma menina, á qual educou, com toda a ternura de seu coração.
Quando a filha se casou, Conceição não obteve permissão para freqüentar o lar do novo casal, em virtude dos ciúmes mórbidos do marido, perdendo assim, o único laço afetivo de sua vida.
Todavia, sua filha engravidara, e no momento do parto, obteve permissão para auxilia-la.
Quando a criança nasceu, viram estarrecidos, que se tratava de uma menina defeituosa. O seu corpo era todo retorcido.
Num gesto de loucura, a jovem-mãe atirou a criança pela janela.
Conceição, atônita, num gesto inusitado, correu para salvar a neta recém-nascida, fugindo, mata adentro, e perambulou pelas ruas, de cidade em cidade, com a menina no colo, que recebeu o nome de Lia, e que, além de ter o corpo deformado, era cega, surda e muda.
Conceição havia sido, na reencarnação anterior, no século XVII, mãe de uma personalidade da Inquisição espanhola e Lia, sua irmã.
Resgatavam, a última etapa de uma expiação luminosa, colhendo um a um, os espículos dos atos cruéis do passado, com sorrisos de esperança, confiança na misericórdia divina, que lhes outorgava a feliz oportunidade do resgate.
No horário aprazado, Chico Xavier, Divaldo e os visitantes, dirigiram-se ao lar de Conceição e Lia, na Lapinha.
Ao chegarem à casa de taipa, uma senhora nonagenária, arroxeada de frio, atendeu-lhes sorrindo. Era Conceição, que foi logo exclamando : – “ Seu Chico !… Ontem, à noite, eu sonhei com vós !… Pedia-lhe um pouco de comida…”
Chico abraçou-a e a apresentou a todos.
Adentrando-se na casa, com os visitantes, apresentou, também, Lia, que se alegrava intensamente, sempre que captava psiquicamente, a presença do médium, pois, como vimos, era cega, surda e muda, sempre deitada em um leito miserável, feito de varas entrelaçadas.
Cantando para adormece-la, Chico, com ternura, cortava-lhe as unhas e penteava docemente os seus cabelos.
E toda a choupana se iluminava de amor, que é “a alma da vida”, e por instantes, tornava-se um paraíso de celestes vibrações.
Dr. Francisco e esposa, compadecidos, ofereceram-se para levar Lia, para ser internada na Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo, da qual era, também, Provedor.
Diante dessa oferta generosa, Divaldo esclarece-nos que Chico deu, naquele momento, uma grandiosa lição de caridade.
-“ Deus as colocou aqui, porque devem expiar aqui. Amam-se muito, e o amor de uma, sustenta a outra. Elas são nutridas pelo magnetismo do amor. Se as separarmos, morrerão !”
E solicitou aos amigos, que oferecessem apenas, os recursos necessários, para que ambas tivessem o lar em melhores condições de higiene e comodidade, e que pudessem se alimentar com dignidade.
Divaldo narra, na mesma e brilhante conferência, que Chico, sentindo-se em solidão, numa véspera de Natal, depois de ter psicografado e atendido, os aflitos e sofredores, ouvindo pelo rádio os cânticos natalinos, lembrou-se de Conceição e Lia, e foi passar o Natal com elas, celebrando a data do nascimento de Jesus, diante das dores e do infortúnio, conforme o Mestre Incomparável nos deixara o exemplo.
Divaldo, também, sempre faz visitas aos doentes e sofredores, muitas vezes, às ocultas, exercendo, fielmente, a caridade evangélica.
Sabemos, que ele visita os doentes conhecidos nos hospitais, aplicando-lhes passes e envolvendo, também, os outros doentes, em suas vibrações, alcançando-os com seu olhar de ternura e alimentando-os com o magnetismo precioso do amor que verte de seu coração amigo.
Divaldo, banhado com a energia sublime do amor do Cristo, está sempre feliz, sem queixas, sem reclamações, preparando-se com otimismo e alegria, para novas viagens, esquecendo-se de si mesmo, do cansaço, dos desafios, suportando os contratempos nos aeroportos nacionais e internacionais, onde, por vezes, fica horas e horas, aguardando a aeronave em atraso ou quando ocorre algum outro incidente, como por exemplo, o extravio de bagagens.
Quando viaja para o Exterior, carrega, pessoalmente, malas abarrotadas de livros, com peso incrível, preocupando-se apenas, em levar o pão de luz para alimentar as almas sofredoras do caminho, enquanto oferece, juntamente com Tio Nilson ( Nilson de Souza Pereira ), na “Mansão do Caminho”, o pão do corpo e da alma, a milhares de pessoas, entre adultos, idosos e crianças.
Na “Mansão do Caminho”, diariamente comemora-se o nascimento de Jesus. É uma Colméia de Luz, produzindo e distribuindo o mel generoso da caridade e da paz.
É um Natal perene de luzes e de bênçãos, onde as melodias dos Espíritos Benfeitores, envolvem-nos os corações, convidando-nos ao trabalho, à solidariedade e à compreensão, sem interrupções nem esmorecimentos.
O Natal é perene para Divaldo, como foi e é para Chico Xavier.
Todos os instantes de suas vidas são momentos de amor, de caridade e da mais pura fraternidade. Eles “têm olhos de ver”, e por isso conseguem enxergar o Meigo Rabi da Galiléia, em todos aqueles que encontram, consolando-os e esparzindo as bênçãos copiosas de paz.
Incentivados por esses caros exemplos, que acabamos de refletir, possamos nós também, celebrar o nascimento de Jesus, em todos os dias de nossas vidas, oferecendo o presente da ternura, da paz, da gentileza, da doçura e da suavidade, como flores da primavera, exalando o perfume bom da felicidade.
Vamos todos, de mãos dadas, formar uma corrente de luz, tornando o nosso coração mais puro, cristalino, doce, simples, caridoso e amoroso, como nestes dias festivos que antecedem o Natal, e no próximo dia da grande festa da Cristandade.
Tudo passa e é efêmero, mas o amor permanecerá para sempre, como semente de luz, reverdecendo a Terra.
Lucas Milagre
Texto extraído do site: http://dialogos.wordpress.com/2010/11/22/o-natal-perene-de-chico-xavier-e-divaldo-franco/